Desenvolvendo habilidades socioemocionais com comunidades indígenas: guia para o componente projeto de vida

As habilidades socioemocionais devem ser construídas e pensadas dentro de determinados contextos, considerando marcadores históricos, sociais e culturais. Ao trabalharmos com comunidades indígenas, sendo externos às mesmas, por exemplo, não podemos simplesmente buscar a implantação de um programa de habilidades socioemocionais sem conhecermos essas pessoas, seus valores, seu cotidiano, suas tradições e demandas. Este livro é um dos produtos do “Projeto Pataxó HÃHÃHÃE: a construção do projeto de vida com estudantes do ensino médio da comunidade indígena Caramuru Catarina Paraguaçu (Pau BrasilBA)”. Este projeto de Cultura e Extensão Universitária foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia da Saúde da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (CPSEERP-USP), coordenado pelo Prof. Dr. Fabio Scorsolini-Comin, em parceria com o Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru, localizado no município de Pau Brasil, sul do Estado da Bahia. O projeto contou com a mediação pedagógica da Profa. Arileia Rocha dos Santos Pataxó, que implementou essas ações nesse espaço escolar. O objetivo da atividade foi desenvolver os conteúdos do componente projeto de vida junto a estudantes do ensino médio dessa comunidade, em atenção às orientações da Base Nacional Comum Curricular BNCC. Tomando por base essas recomendações, partiu-se da necessidade de conhecer, dentro das diversas juventudes, quais os desejos desses jovens estudantes, quais habilidades poderiam ser desenvolvidas e que pudessem fazer sentido dentro de suas experiências de vida. Assim, foi fundamental entrar em contato com as etnoteorias produzidas nessa comunidade e pelos sujeitos que corporificam essa cultura no território de referência. A obra está organizada em dez capítulos que abarcam elementos que podem compor a discussão sobre a construção do projeto de vida. Nesses capítulos são abordadas algumas habilidades socioemocionais que podem contribuir para que esses jovens se reconheçam, identifiquem suas habilidades, seus desejos, criando condições para a corporificação desse eixo na formação de ensino médio. Espera-se que esse livro alcance professores e estudantes de outras escolas, outras comunidades, permitindo a construção de diversos – e potentes – projetos de vida. Por fim, e sempre fundamental, que nos lembremos que nem toda vida há de caber em um único projeto, mas que todo projeto é a escrita de uma história de vida: a sua, a nossa, a de quem caminhou para que estivéssemos aqui, aos muitos e muitas que ainda virão.